Feliz é quem avança apoiado na
tristeza. O seu olhar é janela de sala de interrogatórios. Nunca se sentirá
só, mesmo no meio da multidão. Os seus dias encher-se-ão de luz, mesmo os mais
cinzentos e tristes.
Qualquer texto convida sempre o leitor a lê-lo e a interpretá-lo. Este
não é em nada diferente. O que quis dizer o autor parece-me menos importante do
que aquilo que o texto diz ao leitor. Senti a primeira frase como a mais forte,
as que se seguem são suas consequências, talvez seus ecos. Como leitor que
agora sou, talvez gostasse que essa primeira frase fosse a última. Vejamos.
Observo-o. O seu olhar é janela de sala de interrogatórios. Nunca se
sentirá só, mesmo no meio da multidão. Os seus dias encher-se-ão de luz, mesmo
os mais cinzentos e tristes. Feliz é quem avança apoiado na tristeza.
Faz alguma diferença? Sim, faz, mas será essa diferença importante?
Reparo em alguma falta de ligação entre as frases e recordo que este texto
começou como poema em verso e talvez faça mais sentido dessa forma, ainda que
eu prefira escrever em prosa. Vejamos.
O teu olhar é janela
de sala de interrogatórios.
Nunca te sentirás só
mesmo no meio da multidão.
Os teus dias encher-se-ão de luz
mesmo os mais cinzentos e tristes.
Feliz é quem avança apoiado na tristeza
*
O leitor é sempre autor, a leitura exige sempre um esforço criador, como
tudo na vida. Volto atrás.
O seu olhar era janela de sala de interrogatório e, mesmo no meio da
multidão, nunca se sentia só. Os seus dias foram cheios de luz, mesmo os mais
cinzentos e tristes, porque feliz é quem avança apoiado na tristeza.
Volto atrás, volto atrás, volto atrás. Leio, leio e leio.
Sem comentários:
Enviar um comentário