domingo, 15 de maio de 2016

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Feliz é quem avança apoiado na tristeza. O seu olhar é janela de sala de interrogatórios. Nunca se sentirá só, mesmo no meio da multidão. Os seus dias encher-se-ão de luz, mesmo os mais cinzentos e tristes.

Qualquer texto convida sempre o leitor a lê-lo e a interpretá-lo. Este não é em nada diferente. O que quis dizer o autor parece-me menos importante do que aquilo que o texto diz ao leitor. Senti a primeira frase como a mais forte, as que se seguem são suas consequências, talvez seus ecos. Como leitor que agora sou, talvez gostasse que essa primeira frase fosse a última. Vejamos.

Observo-o. O seu olhar é janela de sala de interrogatórios. Nunca se sentirá só, mesmo no meio da multidão. Os seus dias encher-se-ão de luz, mesmo os mais cinzentos e tristes. Feliz é quem avança apoiado na tristeza.

Faz alguma diferença? Sim, faz, mas será essa diferença importante? Reparo em alguma falta de ligação entre as frases e recordo que este texto começou como poema em verso e talvez faça mais sentido dessa forma, ainda que eu prefira escrever em prosa. Vejamos.

O teu olhar é janela

de sala de interrogatórios.

Nunca te sentirás só

mesmo no meio da multidão.

Os teus dias encher-se-ão de luz

mesmo os mais cinzentos e tristes.

Feliz é quem avança apoiado na tristeza
 
*

O leitor é sempre autor, a leitura exige sempre um esforço criador, como tudo na vida. Volto atrás.
 
O seu olhar era janela de sala de interrogatório e, mesmo no meio da multidão, nunca se sentia só. Os seus dias foram cheios de luz, mesmo os mais cinzentos e tristes, porque feliz é quem avança apoiado na tristeza.

Volto atrás, volto atrás, volto atrás. Leio, leio e leio.

 

 

 


 

 

 

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