segunda-feira, 16 de maio de 2016

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Um homem existiu, todavia nunca foi. Gostava muito de brincar com as palavras e muitas vezes exagerou. No dia da sua morte ficou sem epitáfio: as palavras resolveram brincar com ele e não compareceram.

Queria ser ele próprio, viver a sua própria vida. Quem assim quiser agir só pode esperar a solidão. Escrever é sempre abrirmo-nos ao mundo e, no entanto, é também um puro ato de solidão, pelo menos se quisermos preservar e desenvolver a nossa própria voz.

Junto dois parágrafos e espero que façam algum sentido. Ambos falam em ser e em escrever, ambos falam em palavras e em solidão. Para o escritor, escrever é sempre afirmar a vida, para o escritor, escrever é sempre confrontar a morte.

Escrevia para manter a morte à distância, o que muito a intrigou. Se por isso morreu mais tarde ou mais cedo, o leitor decidirá.

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