O tom
destas notas é reflexivo. Aqui e ali apetece-me colocar um texto sem
mais, textos que escapam a esse tom, e que aqui têm aparecido como exemplos ou
ilustrações, mas não o tenho feito. Preparado para incluir sem mais um poema,
não resisto a juntar estas palavras que agora escrevo e que bem dispensavam o poema
que fica para o final.
Um
autor tenta explicar o seu processo criativo e a certa altura usa o quem, como,
onde, quando e porquê para o tornar explícito, porém, quando o questionam sobre
aspetos particulares desse processo, ele hesita, procura respostas, diz que não
sabe, diz que depende, ri.
Desconfio
de autores que explicam sem hesitações o seu processo criativo, desconfio de
autores que não refletem sobre o seu processo criativo.
O
PROCESSO
Dia após dia Noite após noite
há um sorriso que continua a intrigar-me
A iluminar-me A cegar-me A alegrar-me
E depois existem as palavras
que apenas servem para apontar
o dedo ao mistério
Palavras que me intrigam Que me cegam
Que me iluminam Que me alegram
Palavras que tudo e nada dizem
Palavras que sorriem
um sorriso único
O mesmo sorriso que não pára
Dia após dia Noite após noite
de me intrigar de me interrogar
de me gritar em silêncio
o que as palavras calam
Sem comentários:
Enviar um comentário