quinta-feira, 23 de junho de 2016

71


O tom destas notas é reflexivo. Aqui e ali apetece-me colocar um texto sem mais, textos que escapam a esse tom, e que aqui têm aparecido como exemplos ou ilustrações, mas não o tenho feito. Preparado para incluir sem mais um poema, não resisto a juntar estas palavras que agora escrevo e que bem dispensavam o poema que fica para o final.  

Um autor tenta explicar o seu processo criativo e a certa altura usa o quem, como, onde, quando e porquê para o tornar explícito, porém, quando o questionam sobre aspetos particulares desse processo, ele hesita, procura respostas, diz que não sabe, diz que depende, ri.

Desconfio de autores que explicam sem hesitações o seu processo criativo, desconfio de autores que não refletem sobre o seu processo criativo.


O PROCESSO


Dia após dia Noite após noite

há um sorriso que continua a intrigar-me

A iluminar-me A cegar-me A alegrar-me


E depois existem as palavras

que apenas servem para apontar

o dedo ao mistério


Palavras que me intrigam Que me cegam

Que me iluminam Que me alegram

Palavras que tudo e nada dizem


Palavras que  sorriem um sorriso único

O mesmo sorriso que não pára

Dia após dia Noite após noite


de me intrigar de me interrogar

de me gritar em silêncio

o que as palavras calam




 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário