domingo, 19 de junho de 2016

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Compro um livro de uma poetisa sevilhana. Antes, pergunto à empregada quanto custa e se é bom. Diz-me o preço, depois de consultar um catálogo, e acrescenta com um tom que não identifico e um sorriso enigmático, “É uma poetisa feminista!”

 

 Era um poeta

cansado de ser macho

de ser sempre masculino

mesmo quando se sentia

completamente feminino

Um dia disseram-lhe

com escárnio

que era um poeta feminista

e ele riu-se

uma mão a acariciar os longos cabelos

outra agarrando ostensivamente

os genitais

 

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