Quando escrevo, contemplo as palavras que utilizo, contemplo o próprio
acto e processo de escrita, olho com atenção o que faço e o que é feito. E falo
e escrevo sobre isso. Podia calar-me, e a verdade é que me calo muitas vezes,
deixando que o texto se escreva, mas estou sempre presente, ainda que em
silêncio; e se um texto é feito de palavras ele também é feito de silêncios e
quem escreve nunca está fora do que escreve, por muito que se limite a
contemplar, porque escrever é sempre contemplar. Escrever é contemplar o mundo
e a nós mesmos. A escrita é um espelho que levantamos para ver melhor.
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