O escritor está sentado à frente do ecrã
de computador e percute o teclado com dois dedos num ritmo irregular de chuvisco.
Tenta despertar esse algo que espera ser escrito e que ele não sabe muito bem o
que é. Pára de escrever, baixa a cabeça, olha o texto por cima dos óculos,
passeia os dedos pelas teclas e de novo se detém, hesitante mas determinado.
Espera e de novo recomeça, olhando-se no espelho que a escrita levanta à sua
frente. Interroga-se sobre o processo, interroga-se sobre como se escreve.
Apenas isso, nada mais. Escreve uma palavra à frente da outra, volta atrás,
apaga, acrescenta, apenas isso, nada mais. Espera. Espera. Espera e de novo
recomeça.
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