De catorze de
Abril a dois de Julho de 2016 dei a volta á minha escrita, em oitenta dias e
igual número de entradas, refletindo
sobre a minha prática, neste blogue que criei para o efeito.
Retomei assim a
utilização do formato blogue como suporte literário inovador, que permite ao
leitor seguir diariamente e de perto o escritor e desafia o escritor a ser
ousado e disciplinado.
O resultado foi/é este “Diário mais que improvável” que
aqui termina e que aqui (re)começa.
Aqui
onde as palavras começam
a rarear
o silêncio ganha consistência
e peso
Avanças devagar
hesitas persistes
estás desorientado
mas respiras fundo e dizes
que tudo vai ficar bem
À tua volta
a realidade murmura
desconfiada
E dizes-te pela primeira vez
em voz alta
como se nada mais
existisse
para lá da tentadora
promessa da folha
em branco
em que te aventuras
com a mesma alegria
sem adjetivos
com que jogavas
os teus jogos de criança
empilhando as palavras
em equilíbrios instáveis
que te cortam a respiração
e te fazem rir
a bandeiras despregadas
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