domingo, 3 de julho de 2016

POSFÁCIO


De catorze de Abril a dois de Julho de 2016 dei a volta á minha escrita, em oitenta dias e igual número de entradas,  refletindo sobre a minha prática, neste blogue que criei para o efeito.
Retomei assim a utilização do formato blogue como suporte literário inovador, que permite ao leitor seguir diariamente e de perto o escritor e desafia o escritor a ser ousado e disciplinado.
O resultado foi/é este “Diário mais que improvável” que aqui termina e que aqui (re)começa.



Aqui

onde as palavras começam

a rarear

o silêncio ganha consistência

e peso

 

Avanças devagar

hesitas persistes

estás desorientado

mas respiras fundo e dizes

que tudo vai ficar bem

 

À tua volta

a realidade murmura

desconfiada

E dizes-te pela primeira vez

em voz alta

 

como se nada mais

existisse

para lá da tentadora

promessa da folha

em branco

 

em que te aventuras

com a mesma alegria

sem adjetivos

com que jogavas

os teus jogos de criança

 

empilhando as palavras

em equilíbrios instáveis

que te cortam a respiração

e te fazem rir

a bandeiras despregadas